ARRECADAÇÃO MENSAL DEFICITÁRIA GERA O COLAPSO DO TRANSPORTE PÚBLICO EM BH

O colapso financeiro que pairava sobre o setor de transporte público de BH já é uma realidade nas empresas concessionárias da capital. Na noite do dia 23 de fevereiro, a empresa São Dimas, integrante do Consórcio Pampulha, notificou a BHTrans sobre a paralisação de suas atividades. O colapso financeiro da transportadora, impossibilitada de adquirir combustível para os ônibus, deixará 61 veículos fora de circulação em Belo Horizonte.

Antes do anúncio feito pela São Dimas, duas outras empresas já haviam paralisado suas atividades em janeiro deste ano. Ambas foram obrigadas a suspender a prestação de serviço por falta de viabilidade financeira para aquisição de combustível.

Como manifestado diversas vezes pelo SetraBH em outras ocasiões, a conta não fecha. Se algo não for feito para socorrer o sistema de transporte urbano de passageiros, outras empresas poderão anunciar em breve a suspensão de suas operações, com perdas incalculáveis para toda a sociedade e colocando em risco os Consórcios, incluindo Belo Horizonte na relação das cidades onde a “recuperação judicial” foi o único caminho possível para os consórcios operacionais.

Números atualizados revelam que a piora no cenário segue em ritmo acelerado e que o sistema opera além de sua capacidade financeira para manter o serviço à população.

ARRECADAÇÃO INSUFICIENTE PARA PAGAR MÃO-DE-OBRA E COMBUSTÍVEL

A atividade dos ônibus de Belo Horizonte, e em todo o Brasil, foi afetada de forma significativa pela pandemia. Atualmente, as 34 empresas concessionárias realizam 18 mil viagens por dia útil na capital. Antes da covid-19, esse total chegava a 24,5 mil.

Em janeiro de 2022, 18.426.097 milhões de passageiros pegaram ônibus na capital. Multiplicando este número por uma tarifa média de R$ 3,20 (que considera integrações, preços diferentes de linhas de ônibus e outros fatores) o total revela que a receita bruta no primeiro mês do ano foi de R$ 58,9 milhões. No entanto, a folha de pagamento, que registrou um reajuste de 9% a partir deste ano tendo em vista o Acordo Coletivo de dezembro/2021 para os 5.500 motoristas e 3.000 outros profissionais diretos, responde por aproximadamente R$ 40 milhões mensal.

Também em janeiro foram consumidos aproximadamente 5.100.000 de litros de diesel para que os 2.398 ônibus da frota da capital rodasse mais de 10.102.000 km, o que representa um gasto mensal de R$ 24 milhões.

Apenas com mão-de-obra e diesel as concessionárias registaram um gasto de R$ 64 milhões. Levando em conta que a receita no período foi de R$ 58,9 milhões, chegamos à um déficit de R$ 5,1 milhões apenas para arcar com tais despesas. Somadas à essas, as empresas também precisam, para manter o serviço diário, realizar gastos com manutenção, lubrificantes, garagens, trocas de pneus, aluguéis, água, luz, telefone, entre outros.

Destacamos, portanto, que sem equilíbrio imediato das receitas, hoje sob responsabilidade apenas dos usuários pagantes, o serviço pode colapsar a exemplo do que já ocorreu em diversas cidades do Brasil.

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