Tarifas sem reajustes desde 2018. Concessão de aumentos salariais, acima da inflação, aos 8.500 empregados do setor durante todo o período, sem reajustes tarifários. Redução, nos últimos cinco anos, de 44,3% no número de passageiros. Investimento na frota, com 250 novos ônibus equipados com suspensão a ar e ar-condicionado, sem a devida contrapartida prevista em contrato do Poder Concedente. Constantes reajustes no preço do óleo diesel: o último em 25%.
Esses são alguns dos ingredientes de uma tempestade perfeita que leva ao esgotamento financeiro e ao colapso de qualquer empresa de transporte público no Brasil. E é exatamente este o cenário pelo qual atravessam, hoje, as 33 empresas concessionárias que atendem a população usuária de ônibus em BH. Somente neste ano, três empresas foram obrigadas a paralisar temporariamente suas atividades por pane seca, ou seja, por falta de recursos para abastecer seus veículos.
Atualmente as empresas de ônibus têm déficit mensal de até R$ 30 milhões. “O custo da operação com mão- de-obra, manutenção diária, impostos, aluguéis de garagens, combustível, entre outras despesas, está em até R$ 100 milhões por mês e as receitas das empresas variam entre R$ 60 e R$ 64 milhões”, alerta o presidente do SetraBH, Raul Lycurgo.
Mesmo em um contexto caótico, que levaria à paralisação completa das atividades por absoluta falta de recursos, o SetraBH seguirá, em respeito aos usuários, realizando um esforço de guerra para tentar manter as viagens na capital até a apresentação urgente de soluções para a crise.
“Sem subsídios emergenciais para o setor, o que já ocorre em diversas capitais brasileiras, e a urgente modernização do atual contrato, a descontinuidade do transporte por ônibus em BH será, infelizmente, a conclusão” constatou o presidente do SetraBH.
Nos próximos dias, em uma nova reunião com o sindicato, a prefeitura se compromete a apresentar uma solução, mesmo que temporária, para evitar que a população seja impedida de utilizar o transporte público na capital.